segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Lander Fernández: na véspera da audiência, protesto no Ministério da Justiça italiano para denunciar cumplicidade entre Itália e Espanha

Realiza-se amanhã, em Roma, a audiência sobre a
extradição do bilbaíno Lander Fernández Arrinda solicitada pela Audiência Nacional espanhola. Por isso, hoje, algumas dezenas de membros da rede solidária com o cidadão basco em Roma levaram a cabo uma acção de protesto junto ao Ministério da Justiça italiano, para se posicionarem contra a extradição e pedirem ao Governo italiano que deixe de colaborar com um governo que «tortura militantes políticos».

Na ocasião, recordaram que Lander Fernández se encontra em regime de prisão domiciliária há seis meses, em virtude da acção judicial da AN espanhola, que o acusa de ter queimado um autocarro em 2002, baseando-se no depoimento arrancado sob tortura a Aingeru Cardaño. Disseram ainda que, de acordo com a legislação italiana, o caso já prescreveu, e, como tal, não existe fundamento para a extradição.

Nos últimos meses, foram muitos aqueles que se posicionaram a favor da libertação e contra a extradição de Fernández, entre eles políticos, juristas, professores, escritores e jornalistas. Na semana passada, por exemplo, diversos senadores, professores universitários e magistrados assinaram uma petição contra a extradição do santutxuarra, que foi amplamente divulgada pela imprensa.

Disseram também que para aqueles que nos últimos meses lutaram pela liberdade de Lander ficou clara «a razão da maquilhagem deste absurdo: hoje em dia, a repressão exercida pelo Governo espanhol contra militantes bascos não conhece fronteiras políticas ou geográficas».

«Para nós é claro que, com a "agenda Monti", a autonomia do nosso Parlamento foi deixada à mercê da troika do Banco Central Europeu; mas a soberania das nossas instituições colocada ao serviço de um governo que tortura militantes políticos, especialmente num caso em que é clara a violação de direitos fundamentais», isso ainda estava por ver, afirmaram.

Perante isto, lembraram que a ministra da Justiça Paola Severino é responsável pelo caso e denunciaram «o estado de excepção que se vive em Espanha»; fizeram ainda um apelo à participação na concentração de amanhã, às 9h30, frente ao tribunal da Praça Clodio. / Fonte: BilboBranka

Leitura: «Perché Arrinda non va estradato», de Mauro PALMA (ilmanifesto.it)

Aurore Martin afirma que a sua entrega a Madrid resultou de uma decisão governamental
A agência France Presse (AFP) divulgou um excerto de uma entrevista realizada a Aurore Martin - as suas primeiras declarações públicas desde que foi libertada, no dia 22 de Dezembro.

A militante abertzale defende que a sua entrega às autoridades espanholas resultou de uma «decisão governamental», cujo propósito era silenciar as reivindicações territoriais em Ipar Euskal Herria.

«Vejo aí mão de Manuel Valls, e para lá dela a do Governo», afirma, acrescentando que «se trata um sinal firme para nos dar a entender que no País Basco Norte não vamos ter nada (...). É uma decisão governamental», insiste Martin.
Depois de referir que gostaria de acreditar que a sua entrega foi um processo «de juiz para juiz», Martin afirma que «esse tipo de decisões não se toma sem pesar as consequências».

Martin diz que a impressionou a forma rápida como a sua entrega a Madrid foi organizada, depois de ser detida e identificada num controlo de estrada, alegadamente de rotina, no passado dia 1 de Novembro, o que a faz pensar que tudo estava previsto.
«Fui presa às 16h00 em Maule, pelas 21h00 estava na fronteira de Behobia, e pelo meio fiz um desvio por Pau, e parece-me tudo muito organizado para algo que era fortuito», disse. / Fonte: naiz.info / Ver: Berria