sábado, 15 de junho de 2013

Em Biarritz, os refugiados reivindicaram o direito ao conhecimento da verdade e ao respeito pelos direitos humanos

No acto que hoje teve lugar na Sala Irati, em Biarritz (Lapurdi), o Colectivo de Refugiados Políticos Bascos [Euskal Iheslari Politikoen Kolektiboa] reivindicou o respeito pelos direitos humanos, o fim das situações de «excepção» e o direito a conhecer a verdade. O EIPK apresentou diversas propostas que têm como fito contribuir para o processo de paz.

Com efeito, o colectivo apresentou três propostas. Para se acabar com as situações excepcionais surgidas do conflito, solicitou a anulação dos "processos judiciais que se baseiam em depoimentos arrancados sob tortura, bem como dos mandados de detenção, dos mandados europeus e das extradições daí decorrentes». Solicitou também o abandono dos processos judiciais que já deviam estar arquivados. O Colectivo propôs ainda que seja garantida a liberdade de movimento aos deportados bascos que se encontram espalhados pelo mundo.

No que respeita aos direitos humanos, propôs a criação de uma lista com os refugiados que se encontram doentes e a análise de medidas para solucionar a situação; tomar «medidas para garantir a dignidade dos refugiados que se encontram em situação de exclusão»; e ajudar todos os refugiados a regressar a casa.

A terceira proposta do EIPK diz respeito à verdade. O colectivo solicita o esclarecimento dos «ataques que conduziram a desaparecimentos e mortes» de refugiados: «Temos direito a saber a verdade sobre estes factos».

O acto, com uma hora de atraso
O acto solidário com o EIPK convocado para hoje em Biarritz - que se chamava precisamente «Elkartasun Hatsa» [Sopro de Solidariedade] - começou por volta das 12h30, com uma hora de atraso, devido aos controlos da Guarda Civil nas estradas para Biarritz, e durou cerca de uma hora e meia.

A Sala Irati estava cheia. Eñaut Elorrieta deu início ao acto público com uma canção sobre o desterro; seguiu-se a projecção de diversas imagens do passado.

Bixente Garzia, Dominika Daguerre e Aña Maria Grenie subiram ao palco em representação da associação Anai Artea, que muito ajuda prestou aos refugiados nas últimas décadas; chamaram a atenção para a situação vivida pelos refugiados e recordaram os ataques por eles sofridos. «Mas jamais baixaram a cabeça», acrescentaram. Falaram também sobre o desenvolvimento da associação, e destacaram o facto de comités de ajuda aos refugiados terem surgido em diversos cantões.

Deportados que se encontram em Cuba, Cabo Verde ou São Tomé também participaram no acto, através de uma mensagem. Depois falou Xabier Tubal Abrisketa, que tinha dois anos quando o seu pai foi deportado, há 30 anos. Falou da experiência de ter sido educado sem pai e das interrogações sobre o seu regresso.

Depois, o bertsolari Amets Arzallus cantou, com a contribuição de Eñaut Elorrieta, um poema de Joseba Sarrionandia, escritor e refugiado, escrito para a ocasião. / Ver: Berria e kazeta.info / Fotos: «Herria dugu arnas» (naiz.info / Berria) / Vídeo: «Herria dugu arnas» (naiz.info)

Propostas do Colectivo de Refugiados Políticos Bascos (eus / cas / fra)

«Herria dugu arnas», em Biarritz O acto na íntegra.